terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Vela

Pavio, chama, cera corpórea
O que se queimou não se revigora


Base no cinzeiro
Pelo isqueiro se elabora
Uma nova chama
Uma nova fonte de iluminação
Os dedos das mãos perpassam
Pelo fogo que não queima
A cera sendo lenda derrete nos meus dedos
Disfarçando os meus mínimos medos


Pavio, chama, cera corpórea
O que se queimou não se revigora


Me tranquilizo a cada encurtar de cera
A cada refletir na madeira
A cada pavio que se alonga
Assim a chama cumpre seu percurso
Camuflando sua profundeza
Desvendando sua essência
Acada pingo de cera
Desce do meu rosto um pingo de lágrima
Dirigo-a pelo nariz, mas sinto cheiro de vela apagada


Pavio, chama, cera corpórea
O que se queimou não se revigora


A vela nesse momento é a mais pereita amásia
Sentimos juntos calor e dor
Não conversamos sobre o mesmo assunto.


Pavio, chama, cera corpórea

O que se queimou não se revigora


Eu me sinto tão pequeno
Ela decresce dentro de mim
Decresce e desaparece
Se despede em cotoco.
E eu como louco volto a procurar na estante
Qualquer matéria-prima, que rime na rima
E não deixe eu me faltar
A vela n final me revela, que a solidão é "sem se sentir, sem se estar."


Pavio, chama, cera corpórea

O que se queimou não se revigora


Agora eu ascendo outra fonte de lucidez
A energia volta e eu adormeço intimamente no meu travesseiro.

Rodrigo Luz
(Durante o apagão e noite de tensão)
Entre Aspas "..." (Patricia Carvalho-Oliveira)

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